No embalo da tua onda

Enquanto eu estava sentanda na poutrona da sala
Eu me senti embalada numa senssação de prazer de estar viva.
Acordei pro meu sonho.
E assim me senti...
As ruas passam diante aos meus olhos, rapidamente.
Luzes e cores escuras misturadas ao léu.
Pareço estar em câmera lenta.
E o resto do mundo o que está fazendo nesse momento?
Por que tudo corre? Pra que a pressa?
Aonde todos estão indo?
Por que falar tão alto?
A lágrima que escorre dos meus olhos involuntariamente, escorre devagar.
Ela demora até que caia ao chão.
Eu consigo agora escutar só ela ao bater no piso e até consigo ver suas gotículas se espalharem.
Eis que ouço então um ruído.
Ele então me desconcentra daquela minha fixação
de sobrancelhas franzidas e visão turva.
É tão agudo que provoca encomodo dentro do meu ser.
Eu passo de concentrada para inquieta.
Dentro da minha cabeça parece que consigo sentir o meu
próprio cérebro se movimentar.
De um lado para o outro, ele pulsa como um coração.
Dentro dele eu sinto como se meus neurônios estivem se soltando.
Um ato de bipartição entre os neurônios?
Estão se multiplicando?
Como pode?
E quando isso acontece eu ouço bem longe aquele mesmo ruído não tão agudo.
Sinto uma senssação de como se estivessem congelando.
Que frio.
Alguém pode fechar a janela?
A janela já estava fecha.
Confuso. Incomum. Meio anormal.
Escute meu coração.
São 40 batimentos por minuto?
De repente eu não sei mas contar.
Meu coração está batendo devagar.
Nossa você estava aqui?
Parece que acaba de aparecer!
Como fez isso?
Mas que bom escuta-lo tão te perto.
Me dê um abraço, quero sentir tuas veias pulsarem sobre minha pele.
É tão bom sentir teu cheiro.
Que vontade, que desejo.
Mal te encontrei e já fico me perguntando quando será que te verei novamente.
O âmbito se acalma agora.
As coisas pararam de correr.
O tempo resolveu seguir meu ritmo.
Lento e paciente.
Me sinto em casa.
Agora vem a calma.
Me sinto melhor enquanto você enrola meus cabelos.
Tua voz parece um mantra.
Ontem tive um sonho, ontem tive também um pesadelo.
Se ao acaso não entender, eu deixo algo que esclaressa.
Só quero que você permaneça aqui enquanto eu respirar.
Mas parece que em instantes eu vou te deixar.
Assim fica fácil esquecer tudo de uma vez.
Esses olhos me mantém ocupada, assim é melhor.
Abra a caixa.
O que você vê?
Eu escuto daqui o eco do grande vazio que deixaram lá dentro.
Não te disse mais assim eu consigo ver a cor dos teus olhos.
A cor é amba.
Hora eles são castanhos, hora eles são verdes.
E quando você olha pro sol.
Ele faz aquela mistura parece até que é furta-cor.
Não faz assim que eu mordo, te deixo marcado com meus dedos.
Você tem um gosto, uma languidez na face.
E aquelas sensações acabaram de ir embora e junto ela levou você.
Me deixou uma saudade que eu nunca senti antes.
Como pode?
Eu nunca te vi antes.
Dá próxima vez não te deixo inibido.
Vou te roubar pra mim.
Você me faz entrar na dança do teu embalo envolvente.
Você me deixa esquecer aquela criança inocente.

2 comentários:

Vinícius Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vinícius Silva disse...

Nem sei se poderia entrar assim, sem bater na porta e dizer um "boa tarde". Estou tão distante e ao mesmo tempo nem me conheces direito. Mais fiquei meio atônito e meio disperso ao ler o seu texto.
Achei que no fundo em algum momento ele tivera a minha vivência, sabe? Em algum momento falou comigo, achei-me em comum, "que coisa" as palavras assumirem este papel tão delicado.
Não sei o que me fez entrar aqui e ler o seu texto, mais agora me sinto muito bem e de alguma forma muito anormal, sinto que converso em pensamento com você. Sinto que consigo interagir e participar do que pensas...

Escreves bem. Mais o que faz melhor é exteriorizar os anjos e demônios que possuis, isso é magnífico.
Você é linda Yasmim e se poder deixe a porta aberta para que eu possa continuar a me encontrar em você, beijos.

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